A possibilidade de retomada das negociações sobre a energia nuclear iraniana entra em fase decisiva graças a uma série de reuniões preliminares que ocorreram indiretamente entre os representantes de Washington e Teerã em decorrência de pressões diplomáticas exercidas tanto por ambas as partes quanto pela União Europeia . O objetivo é restaurar o documento assinado durante a presidência de Obama e cancelado unilateralmente por Trump, mas sem o consentimento dos demais signatários. Para os EUA e os outros signatários é importante que o Irã respeite o acordo nuclear e para o Irã é essencial que os Estados Unidos levantem as sanções e permitam que a economia persa reinicie. Se materialmente o encontro entre as duas delegações não se realizou, o empenho da diplomacia europeia permitiu concretamente o diálogo a distância. A situação atual deve ser atribuída à estratégia errônea de Trump, que, ao se retirar do tratado, favoreceu as condições para o retorno do Irã ao enriquecimento de urânio e, ao mesmo tempo, criou as condições para Teerã considerar injustificado sentar-se à mesa .com os EUA, sem que Washington retire as sanções. Do ponto de vista político, a posição do Irã seria irrepreensível se não tivesse se retirado substancialmente do acordo, enriquecendo urânio. A situação atual é um impasse: Biden quer o acordo de volta, mas não retirará as sanções até um novo cumprimento iraniano; vice-versa, Teerã primeiro exige a retirada das sanções para sentar à mesa com os EUA e depois garantir o ' interrupção dos processos de enriquecimento de urânio. Esta situação de bloqueio poderá ser eliminada com uma demonstração de boa vontade dos americanos, como também afirmou o porta-voz americano, que considera necessário suspender as sanções para reiniciar as negociações; palavras recebidas positivamente no Irã, que sugerem uma solução positiva. As últimas reuniões preliminares resultaram na constituição de dois grupos de trabalho que tratarão, respectivamente, dos métodos para interromper as sanções americanas e o caminho para restaurar as condições do acordo no país iraniano. Washington, ao se preparar favoravelmente para o desenvolvimento da situação, mantém-se discreto diante da possibilidade de sucesso da negociação, visto que o prazo esperado para a retomada do acordo não parece curto. Os EUA recusam a lógica de primeiro proceder com o bloco de sanções para chegar à conseqüente ação iraniana, preferindo uma modalidade sincrônica com Teerã na renúncia conjunta às condições atuais. Para tanto, é importante que as duas partes estabeleçam um procedimento marcado com determinados tempos nas várias etapas, mesmo que seja difícil prever um determinado prazo para chegar ao final do processo. O objetivo comum de Washington e Bruxelas é chegar a uma solução antes das eleições iranianas de junho, para que mesmo um governo de direção diferente da atual encontre uma situação já definida, no entanto, vários analistas acreditam que é pouco provável que seja concluída o processo pela data eleitoral e isso pode ocasionar um novo início de negociações com novos intérpretes e condições. Para a Casa Branca é importante evitar uma aproximação de Teerã com Pequim, também causada pelo interesse comum em enfraquecer o domínio da moeda americana no mundo, fator que tem estado na base do sucesso das sanções americanas, não apenas contra o Irã, mas também contra outras entidades internacionais. Esse argumento, porém, pode ser a base de um projeto de médio ou longo prazo, no futuro imediato não é viável e as necessidades de curto prazo para o Irã são revitalizar sua economia, que está sofrendo, além das sanções, a má situação econômica doméstica e internacional e os efeitos da pandemia. Essas razões práticas podem ser o fator decisivo para dar um impulso ainda maior às negociações e resolver para Washington uma situação que pode desviar a atenção e recursos americanos para alocá-los em cenários considerados mais decisivos, como o do Sudeste Asiático, enquanto para a estabilidade regional O Irã sem armas nucleares também significaria a falta de proliferação da Arábia Saudita e uma atitude mais cautelosa de Israel.
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